No município de Limoeiro, o encerramento da Semana do Turismo 2022 contou com palestra informativa e lançamento de livro. Foram dois dias de troca de experiências e enriquecimento cultural, com pautas voltadas ao fortalecimento do setor turístico no interior pernambucano, com destaque para as potencialidades da terra conhecida como “Princesa do Capibaribe”. O evento foi uma promoção da Prefeitura de Limoeiro, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude.
Na noite da terça-feira (27), no Centro de Criação Galpão das Artes, a arquiteta e presidenta do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural de Limoeiro (IHGCL), Tássia de Paula, palestrou sobre o tema “Compreendendo Educação Patrimonial” para profissionais do setor turístico, além de alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e da FACAL. Limoeiro se destaca pela preservação de belíssimos conjuntos arquitetônicos residenciais e comerciais, públicos e privados.
“Educação patrimonial é muito importante para manter o nosso patrimônio vivo enquanto cidade. As pessoas pensam que para ter um patrimônio é preciso que as instituições corram atrás disso, mas não. É a sociedade. São as pessoas que mantêm o patrimônio, a cidade edificada e toda a cultura e a oralidade das quais a cidade necessita. Se você tem uma edificação ou uma cultura que é vivenciada hoje, ela deve ser preservada e transmitida para gerações futuras”, explicou a arquiteta.
Indagada sobre o projeto de revitalização do morro e da imagem do Cristo Redentor, potencial ponto turístico de Limoeiro, a presidente do IHGCL citou o desejo da existência de um imponente símbolo na parte mais alta da cidade: “Na nossa história, enquanto cidade, sempre se teve a vontade de se construir um monumento do Cristo na Serra do Redentor. Mas o que poucas pessoas sabem é que nunca deve construir uma edificação na frente de outra que também é histórica, a exemplo da capela”.
Para Tássia, por se tratar de uma capela centenária, ela precisa ser preservada do ponto de vista da visibilidade. “Jamais você deve construir um monumento, uma estátua ou o que quer que seja que encubra a visibilidade desse patrimônio, que já está lá edificado há tantos anos. Esse projeto é interessante porque privilegia urbanizar a Escadaria do Redentor, dar visibilidade de turismo, criar um suporte ao turista e redirecionar a estátua para o lado, corrigindo o erro”, detalhou.
O diretor executivo de Cultura de Limoeiro, Fábio André, também acompanhou a palestra sobre Educação Patrimonial. Na visão de educador, ele valorizou a participação de estudantes da Educação Básica e do Ensino Superior. “Os alunos precisam entender o que é patrimônio e como continuar sendo patrimônio. Então, contemplar estudantes é também oportunizar um estudo na prática diante de exemplos. E Tássia conseguir fazer isso brilhantemente”, pontuou Fábio.
Na quarta-feira (28), a arquiteta e escritora Juliana Cunha Barreto, autora do livro “Othon Bezerra de Mello – O Singular e o Plural”, fez o lançamento durante o encerramento da Semana do Turismo. Residente no Recife, ela escolheu Limoeiro – terra do homenageado no livro – para expor um trabalho de pesquisa iniciado em 2011 na área da preservação do patrimônio cultural, com foco na Fábrica da Macaxeira, primeira fabricação de tecidos adquirida por Othon.
“Para desenvolver o projeto de restauro (da fábrica) precisei fazer uma pesquisa sobre edificação, foi quando descobri que ele havia sido proprietário desta fábrica e o grande empreendedor que trouxe desenvolvimento para Pernambuco. Naquele momento, o nome dele me chamou atenção, e eu tive que me dedicar mais as pesquisas arquitetônicas sobre o imóvel, mas sempre encontrando documentos relacionados à trajetória dele”, relembrou.
Desses documentos, a escritora “mergulhou” ainda mais na história do empreendedor limoeirense, descobrindo fatos históricos, a exemplo da expansão dos investimentos no setor têxtil para os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, diversificando mais tarde para o setor hoteleiro, resultando na criação da Rede Othon, em atividade até os dias atuais. Tudo isso foi formatado, remetido ao conselho cientifico da Companhia Editora de Pernambuco (CEPE), resultando no livro.