A data 18 de maio marca o Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Um movimento criado há mais de três décadas para mostrar à sociedade a luta pelos direitos das pessoas em sofrimento mental e a sua importância no convívio social e na garantia da cidadania. Adotando o lema “Por uma sociedade sem manicômio”, variadas categorias profissionais, familiares, associações de usuários, representantes acadêmicas, grupos políticos e sociedade civil seguem na defesa de possibilidades abertas de tratamento para os usuários.
No município de Limoeiro, a rede de atendimento é ampla e equipada, sendo composta pelo Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas 24 horas (CAPS AD III), Unidade de Acolhimento, Residência Terapêutica e Ambulatório de Saúde Mental. Instalado no ano de 2012, inicialmente prédio alugado e, em 2016, reinaugurado em espaço próprio, através de parceria entre o Governo Municipal e o Ministério da Saúde, o CAPS AD III tem abrangência regional e funciona em dois prédios anexos construídos no Bairro do Juá (ao lado da Academia da Cidade).
Além de Limoeiro, o Centro atende moradores de Passira, Feira Nova, Salgadinho, Orobó, Bom Jardim, Machados e João Alfredo. O atendimento conta com aproximadamente 40 profissionais, entre médicos, psicólogos, assistentes sociais, arte-educadores, agentes de apoio, técnicos de enfermagem, enfermeiros, auxiliares administrativos, atendentes, cozinheiras e redutores de danos. “O CAPS AD III destina-se ao tratamento de pessoas que tem problemas com uso de álcool e outras drogas. A unidade de acolhimento é uma moradia protegida para pessoas que estão lá e não conseguem sair do uso por conta do território. Então, podem morar até seis meses na unidade de acolhimento”, explica a coordenadora de Saúde Mental do município, Riva Karla.
Os atendimentos do CAPS ocorrem de porta aberta e, de acordo com a necessidade do usuário, podem ser acolhimento diurno (7h às 19H), assim como acolhimento noturno, onde o usuário pode pernoitar até 14 dias no serviço. “Essa é uma modalidade de suporte e atenção à crise que entendemos ser fundamental por funcionar 24 horas. Ele não fecha e atende a população de domingo a domingo, seja população nova para fazer admissão ou população já existente admitida na própria unidade”, detalha a coordenadora.
De acordo com Riva Karla, os encaminhamentos para o CAPS AD III podem ser referenciados por qualquer setor público ou demanda espontânea – quando a pessoa tem o desejo de procurar atendimento e acolhimento já que o serviço é porta aberta. “Preconizamos o cuidado territorial para os moradores de Limoeiro e Região, já que atendemos regionalmente. Temos como princípio maior a reabilitação psicossocial e redução de danos, e que aí entende o consumo de drogas como problema de saúde pública. Por isso, é que a gente se destina ao tratamento dessas pessoas”, pontua. Atualmente, a gerência do CAPS está sob a reponsabilidade do psicólogo Ronaldo Férrer.
Neste Dia Nacional de Luta Antimanicomial, Limoeiro, através do CAPS, aparece como importante núcleo. “O CAPS AD 24 horas de Limoeiro tem uma ação fundamental, porque a partir do momento que a gente pode acolher 24 horas e ainda tem a unidade de acolhimento que pode dar continuidade ao nosso cuidado como regime de moradia provisória, reduz significativamente a possibilidade de manicomização das pessoas sendo encaminhadas às comunidades terapêuticas religiosas, que não dispõem de um recurso de saúde como o nosso, tudo respaldado dentro da ciência e da política de cuidado que é a reabilitação psicossocial e clínica ampliada”, ressalta Riva.
Saiba Mais – A residência terapêutica, também existente no município de Limoeiro, é um recolhimento fechado que recebeu pessoas oriundas do Hospital Psiquiátricos Nossa Senhora das Graças. De acordo com o Ministério da Saúde, os serviços residenciais terapêuticos, também conhecidos como residências terapêuticas, são casas, locais de moradia, destinadas a pessoas com transtornos mentais que permaneceram em longas internações psiquiátricas e impossibilitadas de retornar às suas famílias de origem.
Elas foram instituídas por portaria em fevereiro de 2000 e são parte integrante da Política de Saúde Mental do Ministério da Saúde. Esses dispositivos, inseridos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), são centrais no processo de desinstitucionalização e reinserção social dos egressos dos hospitais psiquiátricos. Tais casas são mantidas com recursos financeiros anteriormente destinados aos leitos psiquiátricos. Em todo o território nacional existem mais de 470 residências terapêuticas.