A prévia do Censo Demográfico 2022 apresentada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que o município de Limoeiro tem pouco mais de 55 mil habitantes. Porém, dados do próprio órgão federal indicavam que a população estimada para 2021 seria de 56.149 pessoas. Enquanto isso, o Programa Saúde da Família (PSF) apresenta mais de 63 mil usuários cadastrados no território municipal. Esses desencontros de informações geram dúvidas com relação ao processo de coleta de dados.
A redução de população não é particularidade de Limoeiro. De acordo com a Associação Municipalista de Pernambuco (AMUPE), mais de 60 municípios tiveram queda no quantitativo populacional. Por conta disso, as prefeituras montaram uma força-tarefa para chegar aos domicílios que possivelmente não foram visitados ou estavam fechados no momento da passagem do recenseador. Além disso, houve relatos de chefes de família que, por insegurança, evitaram repassar os dados.
Em Limoeiro, prevendo essa redução populacional, por causa do lento processo de coleta, das constantes saídas de recenseadores e da insegurança de famílias no repasse de informações, a Prefeitura garantiu estrutura e logística para colaborar com o Censo. Inclusive, promovendo reuniões em parceria com o IBGE para otimizar o trabalho e conseguir apurar os dados reais, colocando os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os Agentes de Combate às Endemias (ACE) à disposição das visitas.
Com a divulgação dos dados prévios, o prefeito Orlando Jorge voltou a se reunir com os ACS’s e ACE’s para iniciar uma força-tarefa de recontagem da população. O encontro aconteceu no auditório da Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro (FACAL), na manhã da última quinta-feira (5). “A gente vem mostrar a realidade do município que não está batendo com o que o IBGE está repassando. Os agentes de saúde, que são responsáveis pelas informações repassadas ao Ministério da Saúde, temos um número bem mais elevado”, alertou Simone Maria, presidente da Associação Municipal de Agentes Comunitários de Saúde e Endemias de Limoeiro (AMACSEL).
De acordo com a representante dos Agentes, desde a mudança do formato das políticas de repasse de recursos financeiros do Ministério da Saúde para os Fundos Municipais de Saúde, Limoeiro vem demonstrando considerável aumento da população. “A gente tinha 56 mil habitantes, segundo o Censo 2010, e nos nossos cadastros tínhamos 63.916. Isso há doze anos. E como hoje o IBGE vem com dados menores do que há doze anos?”, questionou Simone.
Dentro do planejamento da força-tarefa, os ACS e ACE estarão refazendo visitas domiciliares para perguntar se os recenseadores passaram pelas residências. “Vamos colocar essas informações com coerência, porque isso vai impactar no financeiro do município, na qualidade da saúde, da educação e de outras políticas públicas ofertadas para os usuários do município”, destacou a presidente. Para isso, Simone Maria pediu a colaboração das famílias no repasse das informações verídicas.
Participando do encontro, a secretária de Saúde de Limoeiro, Paloma Sonally, lembrou que os resultados prévios do Censo Demográfico geraram inquietude nos gestores públicos, pois não condizem com a realidade. “Acredito que nenhum cidadão ainda ache que a população de Limoeiro hoje seja de 55 mil habitantes. Com certeza, ela passa dos 63 mil, que são os dados que nós temos através do Sistema de Informações do Ministério da Saúde”, explicou a secretária.
As informações do cadastro do Sistema Único de Saúde (SUS) são fundamentais para o planejamento de políticas públicas nas esferas federal, estadual e municipal. Os dados são reais, por isso retratam tão bem a realidade dos domicílios, possibilitando ainda o conhecimento das particularidades de cada área. Esse quadro faz com que a gestão assegure que a população limoeirense atual está acima dos 63 mil habitantes, bem acima do que o Censo trouxe na parcial: pouco mais de 55 mil.
“É imprescindível que a população se sensibilize e tenha consciência da importância desses dados do Censo e da população real do município, que com certeza passa dos 63 mil habitantes. Teve município que perdeu cerca de quarenta por cento da população e isso vai impactar diretamente no gerenciamento dos recursos, e a mesma coisa é com Limoeiro. A gente pode ter perdas e pode deixar de investir em todas as áreas de políticas públicas”, ressaltou Paloma.
Segundo a secretária, após o levantamento que será realizado pelos ACS e ACE, os quais já estão em campo, os dados serão organizados e confrontados com as informações divulgadas pelo IBGE no resultado preliminar. “A gente esperar obter sucesso e, posteriormente, que o IBGE possa rever essa contagem. O último Censo foi realizado em 2010, e (nesse período) a gente tem praticamente uma nova cidade, com os novos loteamentos do outro lado do rio”, afirmou Sonally.
Ela ainda classificou como “inadmissível” a informação de que Limoeiro, atualmente, pelos dados, tenha 15 mil imóveis. “Precisamos identificar onde está a falha e corrigir para que Limoeiro não seja prejudicado. Pedimos à população para que receba os Agentes Comunitários. Posteriormente, o recenseador vai estar voltando aos domicílios que possam não ter recebido a visita para que possa estar fazendo as entrevistas”, finalizou a secretária.