Abordando o tema “Eu respeito a sua fé, então, respeite o nosso Axé!”, o Comitê Egbé Axé Limoeiro, com amplo apoio da Prefeitura Municipal, promoveu, na tarde de domingo (15), a 7ª Caminhada das Águas de Oxalá de Limoeiro. O evento reuniu na Academia da Saúde do Bairro do Juá, local da concentração, e nas ruas e avenidas do município, durante o cortejo, povos de terreiros e religiões de matriz africana, simpatizantes e representantes da sociedade civil, do poder público e de outras religiões, numa demonstração de respeito à diversidade religiosa.
De acordo com o Comitê Egbé Axé Limoeiro, há sete edições a caminhada busca enfrentar o racismo, o preconceito e a intolerância religiosa. A programação também contou com apresentações culturais, ato inter-religioso e banho de cheiro. “Foi muito bom voltar ao evento Águas de Oxalá, que havia parado por algum tempo, justamente agora que a nossa cultura está sendo mais valorizada”, comentou Pai João, que comemorou o fato de o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ter sancionado a lei que instituiu o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé para 21 de março.
Representando o Poder Legislativo no evento, o vereador Roberto Galvão Júnior ressaltou a importância de conceder oportunidades para os movimentos que dão voz às minorias. “É, sem dúvida, uma cultuação de todas as religiões, falando de amor, de paz e do combate à intolerância religiosa”, destacou o parlamentar. Ele também fez menção à Constituição Federal, que traz diversas garantias de um Estado Laico, ou seja, que não existe uma religião oficial. “Que todos tenham a liberdade de cultuar sua fé”, completou o vereador.
Sempre realizada nos primeiros dias do novo ano, a Caminhada das Águas de Oxalá representa a “lavagem” do preconceito contra etnias e denominações religiosas, mostrando a importância do respeito às liberdades de escolhas, incluindo religiosas. O cortejo partiu da Academia da Saúde do Juá e percorreu a PE-50, Avenida Jerônimo Heráclio, Praça do Horto Florestal e Rua da Alegria, tendo como ponto de chegada a Rua Barão de Bonito, onde se localiza o terreiro Egbé Axé.
Retratando os ancestrais e a formação do Brasil, as religiões de matriz africana têm, além da importância do testemunho de fé, expressivo valor cultural, sendo referência em diversos segmentos, a exemplo da dança e da música. Essas questões também reforçam a necessidade de políticas públicas direcionadas a setor.
Representante a Igreja Católica, o colaborador e historiador Valmir Carvalho analisou que o encontro simbolizou a unidade em torno da paz, mesmo cada participante tendo a sua tradição e prática religiosa. “É, sobretudo, o respeito às tradições religiosas. Nós temos a nossa tradição católica, você tem a sua de evangélico, de espírita ou de matriz africana, mas todos buscamos um ponto em comum, que é o bem, sobretudo, o sumo bem, que é Deus, o onipotente, o todo poderoso e criador de todas as coisas”, pontuou Carvalho.
A secretária de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude de Limoeiro, Dolores Carmen – que no ato representou a gestão municipal juntamente com o secretário de Educação e Esportes, Fernando Melo, e o diretor executivo de Indústria e Comércio, Diego Feghalli –, utilizou a palavra “respeito” como ponto principal da Caminha das Águas de Oxalá. Com esse pensamento, ela ressaltou que a Prefeitura de Limoeiro vem garantido apoio às atividades promovidas pelo Comitê Egbé Axé, além da abertura para o diálogo contínuo com os representantes do segmento, por entender que as pautas são importantes para manter a luta contra o preconceito e a intolerância religiosa.
“E neste ano, com o tema trazendo a força que temos enquanto cidadãos e o quanto é necessário que a gente possa abraçar a causa e a luta, começamos a disseminá-la. Dessa forma, todos os espaços poderão abrir as portas, como Prefeitura, Câmara Municipal e escolas, e a gente poderá se unir em prol de uma sociedade mais justa, que faça valer realmente os direitos e garantias elencados na Constituição Federal, nos Estatutos e Pactos Internacionais, que visam essa liberdade de crença. Somos iguais”, comentou a secretária.
Idealizador da Caminhada das Águas de Oxalá, o babalorixá Pai Àlábíyí Pereira comemorou a participação de outras religiões. “Foi um divisor de águas para Limoeiro. Um momento em que podemos não só reunir as religiões de matriz africana, mas dialogar com as outras religiões. Estão aqui a Igreja Católica Apostólica Romana, o Centro Espírita Adolfo Bezerra de Menezes e a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Também contamos com a presença do Maracatu Nação Odara, da cidade de João Alfredo. Não é a questão de existir uma possibilidade, mas é mostrar que existe realmente o dever do diálogo e a responsabilidade do respeito ao próximo”, finalizou.