Espiritualidade, fé, cultura e tradição. Essas palavras descrevem fielmente as Vias Sacras que se dirigem ao Cristo Redentor e à Pedra do Cristo Salvador, dois dos mais conhecidos cartões-postais de Limoeiro, no Agreste de Pernambuco. Nesta Sexta-Feira Santa (15), milhares de fiéis saíram às ruas de Limoeiro para meditar as 15 estações que simbolizam os caminhos percorridos por Jesus Cristo durante o seu calvário, começando pela condenação e chegando à crucificação, morte e ressurreição.
As sagradas caminhadas voltaram a acontecer após uma paralisação de dois anos imposta pela pandemia da Covid-19. O alto número de vacinados, a queda significativa no número de casos de coronavírus e a liberação de eventos com 100% da capacidade permitiram a realização das peregrinações que arrastam multidões na Princesa do Capibaribe. “Limoeiro é o destino perfeito para quem quer vivenciar a Semana Santa. Às 3 horas da manhã da Sexta-Feira da Paixão, já é possível ver os fiéis se concentrando no pátio das Igrejas Santo Antônio e São Sebastião”, explica a secretária municipal de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude, Dolores Carmen.
Promovida pela Paróquia Nossa Senhora da Apresentação desde o ano de 1979, a Via Sacra do Redentor parte da Igreja Santo Antônio e percorre toda a Rua Frei Estêvão até chegar ao Cristo Redentor. “Para mim, está sendo uma experiência maravilhosa e uma oportunidade muito especial”, comemorou o Padre Severino João, que assumiu o posto de pároco da Paróquia Nossa Senhora da Apresentação em outubro de 2021 e, portanto, conduziu a Via Sacra do Redentor pela primeira vez este ano.
A Via Sacra que parte da Igreja Matriz de São Sebastião rumo à Pedra do Cristo Salvador também foi uma experiência inédita para o Padre José Ramos, empossado como pároco da Paróquia São Sebastião em janeiro de 2021. A peregrinação é realizada pela Paróquia Sebastião desde 2010. “O número de pessoas, a devoção, o silêncio e o respeito são impressionantes nesta caminhada. É muito bonito, é muito interessante. Que estejam todos unidos nas orações neste dia que é de jejum e abstinência, mas na esperança e na felicidade de que Cristo ressuscitou e nos ama”, refletiu o sacerdote.
As devotas Aldinete Ferreira e Sílvia Lira estão entre os milhares de limoeirenses que participam deste momento muito especial todos os anos e aguardavam ansiosamente a retomada da programação no formato presencial. Em 2020 e 2021, devido ao auge da crise pandêmica, a programação da Semana Santa teve de ser vivenciada em formato remoto, com a transmissão de celebrações pelas redes sociais. “Para nós, não foi fácil passar dois anos afastados de uma beleza dessa. A Via Sacra é um sacrifício e agradecimento a Deus por tudo que Ele nos dá. Queremos que essa caminhada hoje seja só de alegria e de agradecimento pela nossa volta”, destacou Aldinete. “É com muita fé e com muita gratidão que a gente volta firme e forte no acompanhamento da nossa Semana Santa, porque são bênçãos e graças recebidas quando a gente participa fervorosamente do Tríduo Pascal, segue os passos de Jesus e sente a dor que Jesus sentiu por nós, porque tudo que Deus fez foi por nós”, completou Sílvia.
O prefeito Orlando Jorge e o vice-prefeito José Barbosa Neto também participaram das celebrações, reforçando o apoio da Prefeitura de Limoeiro a esses grandiosos eventos. “Contribuímos com a realização das Vias Sacras ao realizar o piçarramento das estradas que dão acesso ao Cristo Redentor e à Pedra do Cristo Salvador. E estamos avançando no projeto de revitalização do Redentor, que vai fomentar o Turismo e a geração de empregos e renda em nossa cidade. Ao apoiar eventos religiosos, nossa gestão reafirma o compromisso de eternizar tradições, o respeito às manifestações de fé e o apoio à cultura de paz”, assegurou o gestor. “A espiritualidade da Via Sacra ajuda cada fiel a meditar os momentos de dor de Nosso Senhor e a realizar, em seu coração, o reconhecimento ao amor de Jesus por todos nós”, complementou o vice.
As comunidades cristãs em Limoeiro e em todo o mundo já podem marcar no calendário: no ano de 2023, a Sexta-Feira da Paixão de Cristo – que na liturgia cristã faz parte dos preparativos para a Festa da Páscoa, ou seja, da Ressurreição de Jesus – será vivenciada em 7 de abril. Na sequência, no dia 9, virá a Páscoa. Eis que pode surgir a dúvida: por que as datas da Semana Santa e da Páscoa mudam todos os anos? A resposta está na Astronomia: a Páscoa deve acontecer no primeiro domingo após a Lua cheia que sucede o equinócio de março (de primavera, no Hemisfério Norte; de outono, no Hemisfério Sul).
Também existe um cálculo astronômico para a Páscoa judaica (Pessach), que comemora durante oito dias, na semana da primeira Lua cheia após o equinócio, a libertação do povo hebraico da escravidão no Egito. Livro sagrado dos cristãos, a Bíblia narra que Jesus Cristo morreu em uma sexta-feira e ressuscitou exatamente durante o Pessach.