Com o apoio da Prefeitura de Limoeiro, o Comitê Egbé Axé Limoeiro promoveu o II Diálogos para Democracia, tendo como pauta principal: “Oficinas de enfrentamento ao racismo na escola e para além dela”. Reunidos na manhã dessa sexta-feira (14), para culminância, no auditório do Centro Cultural Ministro Marcus Vinícios Vilaça, na Praça da Bandeira, representantes de variados segmentos da sociedade, além de estudantes, debateram a temática e expuseram ideias que vão colaborar no dia a dia das atividades sociais, culturais e educacionais da cidade.
De acordo com o oficineiro e coordenador do Comitê Egbé Axé Limoeiro, babalorixá Alabiyi Pereira, as ações começaram desde o dia 07 deste mês, tendo a culminância com a socialização do que foi colhido durante a oficina. “Esse projeto vem fortalecendo o protagonismo dos estudantes na mudança social e no enfrentamento a esse fenômeno terrível chamado racismo, que afeta todos nós. Racismo não é apenas religioso ou institucional. Ele é estrutural. E hoje tivemos a socialização com poemas, colagens e montagens, o que superou as nossas expectativas”, avaliou Alabiyi.
Para o oficineiro, a visão dos estudantes diante do tema abordado surpreendeu os coordenadores do evento, o que acaba sendo algo a comemorar. “Como é importante o protagonismo e a responsabilidade que esses estudantes têm em prol da mudança social. Discutir racismo é bem mais do que discutir uma questão de preconceito. Discutir racismo perpassa por outros ângulos, como democracia, cidadania, políticas públicas, política, eleição, desigualdade, pobreza. Todo esse conjunto perfaz a estrutura do racismo”, pontuou.
Participaram alunos de quatro escolas da Rede Estadual de Ensino: EREM Austro Costa, EREM Jandira de Andrade Lima, EREM Sebastião de Vasconcelos Galvão e Escola Seráfico Ricardo. Segundo o coordenador, o trabalho produzido pelos alunos vai compor uma exposição itinerante nas escolas do município de Limoeiro. Na primeira semana de novembro, mais precisamente no dia 4, as produções estudantis também estarão integrando, na Câmara Municipal de Vereadores, uma audiência pública que vai abrir oficialmente o Mês da Consciência Negra em Limoeiro.
Dentro da programação de culminância do projeto, também com patrocínio da Prefeitura de Limoeiro, foi realizado um tributo aos 80 anos de nascimento da cantora brasileira Clara Nunes, com a cantora limoeirense Márcia Adriana interpretando canções da artista. Utilizando a trajetória de sucesso e de músicas de reflexão, foi mais uma forma de alertar sobre a necessidade de se combater o racismo. “É preciso assumirmos nosso compromisso na luta contra o racismo. O racismo é uma construção social ou familiar”, alertou Alabiyi.
Historiador, mestre em Educação, professor do Sesi Pernambuco e oficineiro, Rafael Lira deu importante parcela de contribuição para o sucesso do evento. Na visão do educador, o projeto alcançou uma repercussão positiva e despertou nos estudantes a necessidade de expor suas ideias e insatisfações com a temática racismo. “A gente quis transformar essa indignação e inquietação desses jovens em ação. Vimos que, de certa forma, essa ação foi materializada com as produções que eles trouxeram”, detalhou Lira.
No palco do Centro Cultural e nas paredes do auditório, foi possível observar recital de poesia com a temática antirracismo e apresentações de cartazes. Neles estavam as manifestações dos adolescentes que, desde cedo, revelam também serem contrários a qualquer forma de discriminação. “É um trabalho de formiguinha. O fenômeno do racismo é impactante e barulhento, mas essas ações de combate ao racismo têm essa proposta de conscientizar as pessoas e promover a mudança social que a gente precisa para a cidadania ser ativada”, declarou o professor.
Representando a gestão municipal, a secretária de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude de Limoeiro, Dolores Carmen, participou da segunda edição do Diálogos para Democracia, que este ano ocorreu de forma presencial. A primeira foi remota por conta da pandemia do novo coronavírus. Para a secretária, é fundamental a inserção do protagonismo juvenil nos diversos debates da sociedade, a exemplo do combate ao racismo e à intolerância religiosa. Ela também valorizou e lembrou a importância dos terreiros como espaços de cultura, religião e transformação da sociedade.
“É importante que, na sala de aula, a gente possa ter esse diálogo, tendo como palavra-chave a democracia. Eu dizia na participação com os jovens como é importante que a democracia seja palavra de ordem. O jovem tem esse poder. As grandes lutas que aconteceram no País perpassaram pela luta da juventude. E esse apoio da Prefeitura de Limoeiro é muito importante. É imprescindível que a gente abra as portas das secretarias e das nossas casas para estabelecer os diálogos em pautas como essa de combate ao racismo”, ressaltou Dolores.
No encerramento do evento, a secretária reforçou o compromisso da gestão municipal com essas pautas de fortalecimento e valorização da sociedade. “Estamos juntos. Enquanto Secretaria de Juventude, também é importante que possamos ter esse entendimento de enfrentar e levantar pessoas na sociedade que possam transformar essa cultura que, infelizmente, puxa para um racismo estrutural. Somos vetores, canais condutores que podem mudar a sociedade como um todo. Que Limoeiro possa colocar isso em pauta”, finalizou.