Nesta quarta-feira (17), o município de Limoeiro recebeu a Feira Agroecológica da Educação do Campo e Quilombola, promovida pela Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco e pela Gerência Regional de Educação Vale do Capibaribe em parceria com a Prefeitura de Limoeiro. No evento, realizado na Praça do Horto Florestal, trabalhadores do campo e quilombolas colocaram à venda produtos da agricultura familiar, artesanatos e comidas regionais.
A Feira também contou com apresentações da equipe artística da Secretaria Municipal de Cultura, Turismo, Lazer e Juventude e do Maracatu Odara, da comunidade quilombola de Brejinhos (João Alfredo/PE), que enalteceram a diversidade cultural do Estado e recordaram o Dia da Consciência Negra, a ser celebrado em todo o Brasil no próximo sábado (20). Estiveram presentes gestores, educadores, agricultores, integrantes de movimentos sociais e estudantes de municípios como Limoeiro, Surubim, Passira, João Alfredo, Casinhas, Lagoa de Itaenga e Bom Jardim.
Os expositores são contemplados pelo EJA Campo (Educação de Jovens e Adultos do Campo), modalidade de ensino destinada a moradores da Zona Rural que não tiveram acesso ao índice básico da educação formal na idade apropriada. A Feira Agroecológica foi articulada pela Gerência de Políticas Educacionais do Campo e Quilombola (GEPEC), com o intuito de difundir e valorizar o trabalho e a cultura desses jovens e adultos. “Como se trata de um público que, fora da sala de aula, precisa trabalhar para obter o próprio sustento e o sustento da própria família, a GEPEC adotou essa iniciativa depois de dialogar com professores, estudantes, agricultores e movimentos sociais do campo”, explicou a professora Jamile Cristina, da GRE Vale do Capibaribe.
Também integrante da GRE Vale do Capibaribe, a educadora Gilda Arruda destacou o protagonismo dos movimentos sociais nesta iniciativa. “Contamos com a presença da FETAPE (Federação dos Trabalhadores Rurais, Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco) e do movimento Quilombos de Pernambuco, que dão a este projeto o caráter de política pública, pois atuam em conjunto com o poder público na garantia de direitos. Agora, a EJA Campo pretende se estender às comunidades ciganas da região”, revelou.
Estudante do EJA Campo e um dos expositores da Feira Agroecológica da Educação do Campo e Quilombola, Luís Damião falou sobre os conteúdos abordados nas aulas. “É importante ter acesso à educação no campo, pois, assim, o jovem e o adulto da zona rural poderá estudar na sua comunidade e não precisará se deslocar rumo à cidade. A gente aprende sobre a importância da sustentabilidade e da valorização da terra. Dessa forma, são criadas oportunidades no campo e evita-se o êxodo rural. Divulgar a diversidade dos nossos produtos através da Feira é uma maneira de valorizar o nosso trabalho”, comentou o agricultor, que é ligado à FETAPE e reside na zona rural de Lagoa de Itaenga.
Moradora do Quilombo de Chã dos Negros, localizado no município de Passira, a professora quilombola Gorete Martins vê o evento como uma oportunidade de deixar a população mais próxima dos quilombos. “São locais de resistência e são ricos em cultura. Através dessa feira, que acontece em parceria com o poder público, podemos divulgar nossa história, nossa arte, nossa culinária, nossa literatura e nossos trabalhos para a população. Também é uma maneira de combatermos o racismo estrutural contra o qual lutamos diariamente. Merecemos ser protagonistas na sociedade”, sublinhou Gorete, que também é escritora.
Esta é a primeira edição do projeto, que vem sendo apresentado nas GREs de Pernambuco. De acordo com estimativas do governo estadual, 14 Gerências Regionais de Educação – ao todo, Pernambuco dispõe de 16 GREs – serão atendidas até o fim deste ano. Juntamente com a GRE Vale do Capibaribe (Limoeiro), estão no radar as Gerências Regionais de Educação Metropolitana Norte (Recife), Metropolitana Sul (Recife), Mata Norte (Nazaré da Mata), Mata Centro (Vitória de Santo Antão), Mata Sul (Palmares), Agreste Centro Norte (Caruaru), Agreste Meridional (Garanhuns), Sertão do Moxotó-Ipanema (Arcoverde), Sertão do Alto Pajeú (Afogados da Ingazeira), Sertão do Submédio São Francisco (Floresta), Sertão do Médio São Francisco (Petrolina), Sertão Central (Salgueiro) e Sertão do Araripe (Araripina). Além disso, visando o próximo ano, existe uma previsão de expansão para 28 feiras.